7/13/2008

Textos de Baco

Os deuses também choram...Baco sai do Olimpo e torna-se um druida, não por despojar-se de alguma coisa, mas diante da grandeza de Blodeuwedd. Agradece os presentes com uma lágrima e os usa, deixando corar sua face branca tamanho o carinho que sente neste ato. Tira seu pingente do pescoço, um sino de bronze forjado pelo próprio Vulcano, e o coloca delicadamente no pescoço de Blodi, é a música que atrai boas energias como atraiu você. Estamos no Stonehenge iluminados pela lua crescente – onde nossos caminhos se encontram Deusa da lua nova com o Baco da lua cheia. Pausa na viagem para agradecer, cada qual ao seu modo. Tochas crepitam e exalam perfumes de sândalo e patchuli. Baco não se cansa de admirar o anel e a bela que lhe acompanha e o inspira...Após as orações degustamos um Cutty Sark 25 anos (Baco respeita as tradições, principalmente etílicas...)
http://www.youtube.com/watch?v=sfO6JpR5Ip8&feature=related

Por um instante Baco sentiu o frio da maldição de Medeia: A bela Astreia, ao vê-lo pela manhã de cabelos soltos havia virado pedra...Então Deusa Blodeuwedd, aceite este buquet de flores com barbana, carvalho, castanheiro, do prado, espinheiro, giesta, feijão, prímula e urtiga enrolados numa fita de linho cru tingida de rosa, verde e marrom. Deusa do amor e das flores brancas, iguais às do altar dos rituais em que Baco, mortal, realiza suas meditações, te levarei um lírio branco em noite de lua nova quando o vento frio varrer para longe os fantasmas do passado que ainda insistem em te amedrontar. Meus medos, também os tenho, mas os transformei apenas em guardiões...Não pressinto perigo, perigoso é não viver, é deixar de dizer com palavras, talvez uma apenas, um sentimento bom. Baco não muda, apenas se cala e reverencia a deusa que está a sua frente...(e oferece um camundongo à coruja...)
http://www.youtube.com/watch?v=nXG7inaYH10&feature=related
A linha do horizonte é um vinil, os sulcos de música e vida os anéis de Saturno que nossa loucura sã nos levou. O tempo pára para nos ver, porque simplesmente vale a pena parar tudo para viver este momento, o mais importante...Você está vestida de azul, um longo de cauda e decote generoso que delineia e realça sua feminilidade, um colar de diamantes a lhe adornar, sem competir com o brilho dos seus olhos, e brincos pendentes com minúsculas esmeraldas, rubis e safiras. Há pedras em seus sapatos de salto agulha dourados. Você é linda e Baco não consegue tirar os olhos de você para ver o infinito, não há estrela, planeta ou nebulosa que lhe desvie a atenção ou mesmo os pensamentos. Todo o universo está à sua frente na forma de uma mulher que se chama Astreia e cujos cabelos convidam Baco a se aproximar, a dançar, e nossos passos vão tirando sons daqueles anéis!
http://www.youtube.com/watch?v=MVcz8IP3Ln4&feature=related

De Saturno quero apenas os anéis. Plutão e Marte se uniram (ou foi conluio?) e me largaram no mundo com uma Lua de leão como mãe adotiva...Baco fala a verdade quando fala de si mesmo...

Eu também não consigo parar de te olhar. Você adormece sorrindo e com seus braços em volta de meu pescoço. Eu a aconchego em meu colo com a delicadeza de uma criança e a firmeza que uma mulher necessita. Pégaso se materializa e lhe digo com o olhar para onde vamos. Nós dormimos durante a viagem sob um luar crescente. Amanhecendo somos deixados na Piazza de San Marco, em Veneza, a tempo de assistir o hasteamento de bandeiras pelos Carabinieri aos sons da torre da Campanille, a construção mais alta da cidade. Tomamos capuccino e comemos filões aquecidos com azeite e queijo de cabra. Você sorri o tempo todo, ainda meio dormindo e sem saber direito o que está acontecendo. Teus olhos brilham e competem com as arandelas ainda acesas. Acertamos com um gondoleiro passear pelo Grande Canal e também sob a Ponte dos Suspiros. Não estamos apenas de mãos dadas, estamos abraçados o tempo todo como se cada parte de nossos corpos que não se tocasse não existisse. Não há pressa, o tempo está esperando por nós...

Aproveitemos a varanda sem serviço de quarto. Afinal viajas com um gourmet que já arrebatou um pescado, lá do porto de Ostia, junto a um pescador de barbas e cabelos brancos, saído do Velho e o Mar e seu pequeno barco. É uma generosa posta de Mero que faço numa manteiga de alcaparras e ramos de alecrim. Um tagliatere, apenas com azeite extra virgem, e um Frascati Canelino para completar a frugal refeição. O outono já lambe as encostas com sua chuva de folhas douradas e o azul do firmamento reflete-se nas águas, ainda calmas, do Mediterrâneo. Temos a tarde inteira antes que Pégaso decida retomar seus galopes musicais. Vamos caminhar pelo sítio arqueológico de Ostia? Ou vamos ao teatro?

Nenhum comentário: