2/25/2007

Nascer ou Morrer?


De repente percebi que aquele fluir generoso e constante de energias inscrito na ordem cósmica estava sendo abalado estruturalmente.

Aos poucos, meus movimentos foram ficando limitados. Já não flutuava como antes naquela sensação de calor e aconchego; foi ficando difícil respirar... Respirar? Constantemente algo parecia me devorar por dentro como se não mais me bastasse o alimento que biològicamente me era fornecido... Seria aquilo o que os terráqueos chamavam de fome? Sentia-me comprimida... Desconfortável... Angustiada... A única sensação agradável era a de estar aquecida e protegida, mas, percebi que não havia como dar continuidade a elas...

Então, instantâneamente, por vontade própria decidi deixá-las para trás e me aventurar em busca de outra realidade... Nadei, esperneei, lutei... E de repente...

_OH! Por todos os deuses! O que aconteceu?

Algo pareceu romper-se! Uma lufada de ar frio invadiu meu corpo... Meus olhos se abriram e eu vi a LUZ.

_Teria morrido?

2/13/2007

Tua chaga, ó Humanidade!

De onde? Como e quando começou a ser percebida? Quais transformações foram efetuadas pelos embrionários órgãos dos sentidos que me permitiram reconhecê-la?

Heranças ancestrais? Acervo filogenético?

Ainda não sei lhes responder! O fato é que a Dor, a fiel escudeira humana, pareceu alojar-se em minhas entranhas!

E o grito de todos os desvalidos, e a má-sorte de todos os abandonados, e as lágrimas de todas as mães ressoaram em minha alma!

Então, no confronto das vivências fetais com a realidade humana, meus olhos se abriram e eu entendi.

_Humanidade! O nome da tua chaga é Preconceito!

2/11/2007

NO Reino de Áster


Submersa em um mundo perfeito, com todas as necessidades fisiológicas automaticamente satisfeitas, na mais plena indiferenciação cósmica, minha consciência e as energias de todos os deuses e de todas as almas se fundiram.

Indiferenciada de todos os outros Eus, mas viva naquele reino, onde os infinitos mundos se iniciam, repousava num mundo primordial indiferenciado.

Feita de sonhos, sem palavras, sem conceitos, sem imagens, sem registros e sem limites, a atmosfera era a perfeição da plenitude!

Foi quando, fora do tempo e do espaço, como se sempre estivessem estado ali, ela emergiu.

2/08/2007

Nunca Maia!


Nunca mais!

Nem preciso acrescentar que essa gravidez, embora inesperada, foi ardentemente vivenciada por meu pai.

Era uma experiência de tal magnitude que ele se voltou inteiramente para dentro de si mesmo e se deixou impregnar totalmente por ela, absorvendo as minhas sensações corpóreas individuais, se identificado totalmente comigo a tal ponto que instintivamente percebia qualquer nuance de desassossego ou bem estar meus. Finalmente o que se passa com o ser humano quando ainda em formação estava sendo fielmente registrado! A fusão era total.

Entre o feto e o gestante se estabeleceu telepaticamente uma corrente contínua de comunicação física, emocional e psíquica. Abriu-se à mente de meu pai, até então recheada de conceitos abstratos e lógicos, um mundo totalmente novo. As perguntas em aberto durante milhares de anos estavam, uma a uma, sendo respondidas.

As profundezas abissais da consciência humana foram alcançadas.

Nunca mais naquele planeta, se ouviria falar em experiências fetais, em vida vegetativa e inconsciente do feto.

Um dos maiores crimes humanos estaria para sempre abolido.

O aborto passou a ser considerado pela Confederação dos Antigos Povos Remanescentes da Terra como a pior das violações penais: assassinato em primeiro grau!